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Declaração do Encontro Norte/Nordeste da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) – outubro 2015

No sertão da Bahia, organizações anarquistas afinadas com a corrente especifista, estiveram reunidas nos dias 10, 11 e 12 de outubro, dando continuidade à construção dessa estratégia, especialmente, nas partes do Norte e Nordeste do mapa brasileiro. Este VI Encontro das Organizações Anarquistas Especifistas do NO/NE, teve como particularidade, ser o I como Encontro NO/NE da CAB. Ou seja, todas as organizações participantes, já estão agrupadas organicamente na Coordenação Anarquista Brasileira ou demonstram interesse em tal objetivo.

O discurso de “crise” vai muito além de consequências meramente econômicas. Ele cumpre um papel ideológico na desmobilização das ações populares, mesmo aquelas de cunho apenas reivindicatório. Os cortes de verbas, com a “necessidade” do ajuste fiscal, têm fomentado um contexto social de perda de direitos trabalhistas (a exemplo do PL 4330 – que amplia e legitima um modelo de trabalho precarizado através da terceirização) de aumento da carestia de vida, das chantagens do cassino econômico, a ascensão da criminalização dos protestos – através da intensificação da repressão (como a Lei Antiterrorismo e seu papel na tentativa de silenciar @s que lutam), a redução da maioridade penal – aliada ao fechamento de escolas públicas e abertura de presídios, o desmantelamento de setores públicos como incentivo a privatizações, entre outras ações que representam os interesses do Estado e Capital privado na manutenção do status quo e do controle social.

A ascensão de pautas progressistas que se vislumbrou nas jornadas de junho de 2013, hoje é contrastada por uma direita política e econômica mais articulada e retrógrada. O descrédito das instituições sociais e dos partidos políticos, acompanhado de uma “política do medo” – que legitima políticas segregacionistas e racistas em relação aos espaços públicos –, contribuem para a despolitização dos de baixo e o acirramento das disputas dentro da própria classe trabalhadora.

Neste contexto de midiatização política onde é desenhada uma falsa polarização entre PT e PSDB (e nesta seara, o fortalecimento do PMDB para a retomada da governabilidade), opor-se às ordens petistas, é visto como automática aliança às ideias tucanas. Existe um imaginário onde o Partido dos Trabalhadores ainda encontra-se no conjunto de organizações da classe trabalhadora (mesmo que como traidor desta). Nesse sentido, a oposição ao PT reverbera em diversos setores da luta popular, tendo gerado como uma das consequências o abandono a toda e qualquer forma de mobilização. Rejeitamos frontalmente tal modelo, por enxergarmos que há uma confluência de interesses na política parlamentar, e estes, estão longe de serem favoráveis às necessidades, anseios e sonhos d@s oprimid@s. Sendo assim, as ações de resistência d@s trabalhador@s, como greves, paralisações e piquetes, vêm sendo tomadas cada vez mais de forma independente, visto que as centrais sindicais se articulam apenas para a defesa do governo e não da nossa classe.

Este cenário, ao passo que se constitui ambiente favorável à emergência de posicionamentos fascistas, lança, na outra mão, grandes desafios às organizações libertárias de hoje. As denuncias à institucionalização das lutas sociais, sempre estiveram presentes na práxis anarquista. Assim, princípios, para nós, inegociáveis, apontam um caminho que, em sua longa estrada, empodera @s de baixo, fortalecendo e federalizando as lutas populares em ação direta. Contra todas as formas de opressão, com solidariedade de classe. Urge a necessidade de alternativas não parlamentares, com alianças táticas, construídas à luz das nossas experiências históricas, objetivando uma sociedade radicalmente diferente desta. É nisto que acreditamos. É por isto que estamos aqui.

Fórum Anarquista Especifista (FAE) – BA
Federação Anarquista dos Palmares (FARPA) – AL
Organização Resistência Libertária (ORL) – CE
Coletivo Anarquista Organizado Zabelê (CAOZ) – PI
Federação Anarquista Cabana (FACA) – PA

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Declaração do II Encontro Regional Centro Oeste/Sudeste da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

Nos dias 10, 11 e 12 de outubro, foi realizado, em Belo Horizonte (MG), o segundo encontro da Regional Centro-Sudeste da CAB, contando com a presença das organizações Rusga Libertária (Mato Grosso), Federação Anarquista do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Organização Anarquista Socialismo Libertário (São Paulo) e o Coletivo Mineiro Popular Anarquista (Minas Gerais).

O encontro teve como objetivo estreitar nossa relação regional, aprofundando em termos organizativos, formativos e práticos, servindo como um espaço de análise de conjuntura, de formação e levantamento de perspectivas para que as nossas lutas caminhem juntas em um mesmo rumo organizativo e combativo.

Estamos em uma conjuntura de maiores ataques aos oprimidos e oprimidas, ataques oriundos – historicamente – do Estado contra a classe trabalhadora, contra as mulheres e povos originários, ao mesmo passo em que amargamos uma crise econômica que, como todas as crises do sistema capitalista, gerida pelo governo de turno (PT/PMDB), atinge somente aos de baixo. A criminalização e perseguição aos movimentos sociais continuam em curso, com a tentativa do Estado de calar aquelas e aqueles que lutam.

Por esse momento exigir maior organização e determinação na luta, entendemos que nosso encontro teve um papel destacado na articulação e fortalecimento de nossas organizações, tanto em seus respectivos estados quanto em nível regional. A articulação de nossa militância em diversas frentes de luta (comunitária, estudantil e sindical), assim como o aprofundamento do debate de gênero e variadas formas de opressões, é fundamental para a ação anarquista.

Dessa forma, concluímos o encontro com a sensação de termos avançado em pontos fundamentais para a nossa militância, mas ainda com muito trabalho a ser feito. A tarefa é árdua e exige um trabalho prolongado, alinhado tanto regional quanto nacionalmente, que é o que a CAB vem humildemente construindo. Após o III encontro da Regional Sul no meio deste ano, a recente fundação da FARPA (Federação Anarquista do Palmares / AL) e a realização do I Encontro NO/NE da CAB no mesmo momento em que realizávamos nosso encontro regional CO/SE, visualizamos nosso encontro como mais um resultado positivo do trabalho que viemos realizando de forma coordenada no âmbito nacional.

É na firmeza de nossos princípios ideológicos que vamos caminhando com passos firmes, modestos e radicalizados nas trincheiras da luta popular em que estamos/estaremos inseridos, é na prática constante da crítica e autocrítica que avançamos na construção de um Povo Forte e com perspectivas reais da construção do Poder Popular e do Socialismo Libertário!

Desde Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, seguimos na luta.

Viva o Anarquismo Organizado!

Viva a Coordenação Anarquista Brasileira!

Não tá Morto Quem Peleia. Organizar, Lutar, Criar o Poder Popular!

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