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Contra a cultura do estupro, a resistência é a vida.

A Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), reunida em plenária nacional, quer declarar seu completo repúdio e indignação com o caso de estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos por mais de trinta homens ocorrido na cidade do Rio de Janeiro.

A cultura do estupro não é recente em nossa história, pelo contrário, está na gênese da formação social do Brasil, pois sob a consígnia da miscigenação cultural existe um país formado a partir do estupro colonial de negras e indígenas.

A cultura do estupro existe a partir da inadmissível ideia que os corpos e as vidas das mulheres servem naturalmente à dominação masculina. Reside em nosso meio como permanente lembrança que vivemos em uma sociedade extremamente violenta com as mulheres, caracterizando um quadro de guerra civil contra as mulheres, em que todos os dias morrem algumas das nossas.

Ainda que antiga, a cultura do estupro se fortalece em momentos conjunturais de negação do direito e da existência humana das mulheres. É o momento em que vivemos, quando o o patriarcado e a religião, institucionalizados por meio do Estado, cortam possibilidades de existência digna por todos os lados: saúde, educação, trabalho, cultura e mobilidade.

Levantamento do IPEA, feito com base em dados de 2011, mostrou que 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes; cerca de 15% dos estupros registrados no sistema do Ministério da Saúde envolveram dois ou mais agressores; 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima. De acordo com dados mais recentes, em 2014, o Brasil teve um caso de estupro notificado a cada 11 minutos. Diante deste cenário, preocupa-nos a chegada das Olimpíadas no Rio  de Janeiro, pois sabemos que o acontecimento de megaeventos contribui para o aumento da exploração dos corpos de mulheres e adolescentes, comercializadas como atrativos turísticos.

Reiteramos que devemos permanecer firmes e resistentes contra o avanço sobre os corpos, as vidas e os direitos das mulheres, fortalecendo discussões e práticas feministas em nossas organizações e nos movimentos sociais em que estamos.  É importante também nos atentarmos para a construção da autodefesa como forma de resistência em rede, jamais isoladas.

Mexeu com uma, mexeu com todas!

Estupradores não passarão!

Machistas não passarão!

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Fortaleza, 28 de maio de 2016.

Coordenação Anarquista Brasileira

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Fonte: Coordenação anarquista Brasileira [CAB]

Declaração do II Encontro Regional Centro Oeste/Sudeste da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

Nos dias 10, 11 e 12 de outubro, foi realizado, em Belo Horizonte (MG), o segundo encontro da Regional Centro-Sudeste da CAB, contando com a presença das organizações Rusga Libertária (Mato Grosso), Federação Anarquista do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Organização Anarquista Socialismo Libertário (São Paulo) e o Coletivo Mineiro Popular Anarquista (Minas Gerais).

O encontro teve como objetivo estreitar nossa relação regional, aprofundando em termos organizativos, formativos e práticos, servindo como um espaço de análise de conjuntura, de formação e levantamento de perspectivas para que as nossas lutas caminhem juntas em um mesmo rumo organizativo e combativo.

Estamos em uma conjuntura de maiores ataques aos oprimidos e oprimidas, ataques oriundos – historicamente – do Estado contra a classe trabalhadora, contra as mulheres e povos originários, ao mesmo passo em que amargamos uma crise econômica que, como todas as crises do sistema capitalista, gerida pelo governo de turno (PT/PMDB), atinge somente aos de baixo. A criminalização e perseguição aos movimentos sociais continuam em curso, com a tentativa do Estado de calar aquelas e aqueles que lutam.

Por esse momento exigir maior organização e determinação na luta, entendemos que nosso encontro teve um papel destacado na articulação e fortalecimento de nossas organizações, tanto em seus respectivos estados quanto em nível regional. A articulação de nossa militância em diversas frentes de luta (comunitária, estudantil e sindical), assim como o aprofundamento do debate de gênero e variadas formas de opressões, é fundamental para a ação anarquista.

Dessa forma, concluímos o encontro com a sensação de termos avançado em pontos fundamentais para a nossa militância, mas ainda com muito trabalho a ser feito. A tarefa é árdua e exige um trabalho prolongado, alinhado tanto regional quanto nacionalmente, que é o que a CAB vem humildemente construindo. Após o III encontro da Regional Sul no meio deste ano, a recente fundação da FARPA (Federação Anarquista do Palmares / AL) e a realização do I Encontro NO/NE da CAB no mesmo momento em que realizávamos nosso encontro regional CO/SE, visualizamos nosso encontro como mais um resultado positivo do trabalho que viemos realizando de forma coordenada no âmbito nacional.

É na firmeza de nossos princípios ideológicos que vamos caminhando com passos firmes, modestos e radicalizados nas trincheiras da luta popular em que estamos/estaremos inseridos, é na prática constante da crítica e autocrítica que avançamos na construção de um Povo Forte e com perspectivas reais da construção do Poder Popular e do Socialismo Libertário!

Desde Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, seguimos na luta.

Viva o Anarquismo Organizado!

Viva a Coordenação Anarquista Brasileira!

Não tá Morto Quem Peleia. Organizar, Lutar, Criar o Poder Popular!

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